Melodia
Melodia

Viajar é fechar a agenda e sair da rotina

Viajar é se lançar aos lugares deixando que eles entrem dentro de nós

É deslizar os olhos para tantas maravilhas

É surpreender se sempre, porque ainda que o lugar seja o mesmo, os olhos já são outros

É sentir o aroma dos pratos, das flores, das montanhas, campos e da brisa do mar

É ouvir o burburinho dos cafés e praças, de um sino de igreja, uma música ao longe ou o silêncio de uma estradinha solitária

Viajar é envolver se, emocionar se

Passear a alma

E voltar um pouco diferente do que fomos

Sempre pra melhor!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Veneza: uma joia sobre o mar


    Gran Canale - Veneza


                   

Ponte do Rialto




Gondoleiros por Veneza - Itália



Veneza me comove...

Me comove ver esta joia extendida sobre o mar, 
sua beleza intocável que resiste a linha do tempo.

Me comove, pensar que foi o homem que a construiu, em sua magnífica arte e riqueza arquitetônica!

 Olhar de cima da ponte do Rialto, o Gran Canale invadí-la, e sobre ele seus barquinhos e vaporetos, descrevendo arcos no mar!

Me comove a magnitude do campanário e a beleza das pinturas de Tintoretto no Palácio dos Doges!

Veneza é por sí só, e me comove por sua intensidade!


















Veneza me encanta...


Me encanta quando caminho por suas vielas, minúsculas e estreitíssimas e aprecio as vitrines multicoloridas dos cristais de Murano.

Me encanta sentar no terraço do hotel Bauer tomando um bellini e avistando a Santa Maria Salute, tão bela do lado de lá...

Ir atravessando por suas dezenas de mini pontes e em algumas delas me debruçando por alguns minutos, reparando as janelas floridas, seus lampiões e as mesas dos restaurantes, arrumadas para o jantar!

Me encanta ver o gondoleiro deslizando por suas ruas líquidas e a expressão de luz no olhar dos visitantes, como se estivessem vivendo um sonho!

Nada se parece com Veneza e nem Veneza se parece com nada. Me encanta por ser única!


Palácio dos Doges



Veneza me põe em êxtase...


Me põe em êxtase, quando depois de tanto caminhar por seus labirintos, desponto na imensa Piazza San Marco e vou atravessando devagar, fitando os imensos pórticos, que a circundam de fora a fora, me fazendo parecer, muito mais que uma praça e sim um cenário de ópera!


Me põe em êxtase à noitinha, quando os turistas se vão. Ela se esvazia e os quartetos de cordas com piano, distribuidos ao longo de sua extensão, começam a tocar alternadamente, músicas que nos invadem e nos convidam a sair dançando...


Em completo e profundo êxtase !


Veneza descortinando o mar




Piazza San Marco à noite !

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Campos de lavanda: como um banho de poesia!

Campos de lavanda da Abadie de Senanque - França




Campos de lavanda- Provence - França




Ao fundo- Abadie de Senanque- França




Tufos de lavandas da Provence




Embevecidos pelos Gorges, quando descemos o parque, nos demos conta que passava de 1hora e meia da tarde, e ainda famintos, notamos que a cidade mais próxima dali, era Moustiers-Ste-Marie.

Na Europa, principalmente em cidadezinhas, o horário limite para um almoço é esse mesmo.


Quando chegamos lá, tinha um único restaurante que parecia aberto, parecia... pois o garçon disse que não atenderia mais Imploramos e ele respondeu: só se for o menu do dia. Ora tudo bem, porque na França o menu do dia, é até mais interessante muitas vezes que o"a la carte".

Almoçamos a delicada refeição, nos divertindo e comentando que com um sorriso e uma postura mansa, a gente vai conseguindo romper a rigidez dos horários deles, e lá fomos nós seguindo nossa viagem.

O percurso foi ficando plano, as lavandas foram aparecendo à perder de vista nos dois lados da estrada. Era como se estivéssemos entrando na cena de um romance!


 Tudo azulado à nossa volta e a suprema visão poética, me inspirou a idéia de que cada carreira delas, estivesse me recitando um verso!

Se puxarmos um  só  galhinho, nota se uma flor pequena e singela, mas unidas em tufos no contexto geral, tinha um explendor de beleza incomum!


 Saimos do carro, para fitar aquela doce visão e o vento da tarde, me trouxe vindo delas, o perfume de um banho...


Um banho de poesia!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O impressionante Gorges Du Verdon


Canyon do Rio Verdon! - Sul da França

 

Gorges du Verdon- França



Vista do Rio Verdon- sul da França




Parque Nacional dos Gorges du Verdon - Sul da França




 Lago Saint Croix - França


 

Lago Saint Croix - com campos de lavanda ao fundo!


Em julho de 2008, depois da nossa estada na Riviera Francesa, o destino era a Provence. Sei que de Nice a Avignon, se faz pela auto estrada em no máximo duas horas de viagem, mas essa opção nunca costuma ser nosso caso.

Namorando o mapa Michelin, observei uma estrada sinuosa que serpenteava um lago, estava indicada  como "percurso pitoresco", porém esse caminho, dava uma
volta tremenda até chegar ao nosso destino. Me bateu então uma boa intuição e pensei comigo, sem pressa para Avignon, ela me espera... ah se me espera!

Diante disso resolvemos sair mais cedo. Pegamos o sentido de Grasse, a cidade dos perfumes onde Coco Chanel, junto com seu perfumista, criou o eterno Chanel nº5!

Logo em seguida paramos numa pequena boulangerie de beira de estrada, sentamos na varandinha,  tomamos um expresso com tarte tatin, algo simples, mas que nesse contexto deixa qualquer momento encantador!

A paisagem foi mudando de verde para pedregosa. Nessa altura já estávamos adentrando o Parque Nacional dos Gorges do Verdon.  Preservado como patrimônio histórico francês, a estrada foi ganhando altura e ficando rústica e cerrada.

De repente descortinou se pra mim algo fantástico! Do alto de um canyon profundo, entre rochas retorcidas e picos em forma de cones, deslizava lá no fundo, o suave e estreito rio Verdon!

De cima via se pequenos pontinhos brancos sobre ele, o que me fez deduzir ser praticantes de canoagem, que naquele dia mágico, deveriam estar recebendo lá toda a boa energia, que só a natureza às vezes pode nos dar!

Quando pensei estar refeita da emoção, é que chegou o grande momento do dia. Ao final do caminho, no último mirante, a vista se destampou completamente!

Apareceu o lago Saint Croix, onde o Verdon repousa depois de sua jornada. Azul turquesa ele não estava sozinho, em suas costas, vinha uma imagem  arrebatadora!

Os magníficos campos de lavanda, que eu sequer lembrava estar na época! Aquele azul arroxeado arrematava o fundo do quadro, com uma perfeição tão ímpar, que certamente nenhum impressionista conseguiria pincelar!

Então nesse momento agradeci a visão extasiante e a intuição, que me levou nesse dia, ter marcado um encontro com Deus!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ana Capri e o mago das sandálias

Vista de Ana Capri !




 Caminho para Ana Capri - Capri - Itália

 
 

Ana Capri - Itália  

 


Sr Antônio Viva - O mago!




A sandália tão desejada!


Olhando as vitrines em Capri em meio a tantas coisas bonitas, me chamavam atenção, umas sandálias com cristais. Umas coloridas outras transparentes, muito muito bonitas!

 Quando avistei uma loja só delas entrei, provei mas acabei não comprando.Mas sabe, como somos as mulheres, fui passeando e a tal sandália foi invadindo a minha cabeça!

Tomando um sorvete e com a facilidade incrível com que me comunico, perguntei para  uma italiana com pinta de nativa que sandálias eram aquelas, que estava apaixonada mas achando un "troppo cara".

Muito gentil ela me disse: são caras porque são todas em cristais Swarowisk. As mais conhecidas são feitas pelo Sr. Antônio Viva, que fica lá no alto da ilha em Ana Capri! Lá voce pagará um preço bem melhor por elas.

Adivinha se eu não saí voando para pertinho da Piazzetta onde ficam os taxis conversíveis, os únicos carros permitidos, e ainda acreditem alguns deles cor de rosa?

A estrada foi beirando a encosta magnífica da ilha  e eu pensando... indo atrás da sandália e  me deliciando com essa vista! Esperava eu encontrar lá um senhor todo  pomposo, com cara de artista num ateliê elegante!

Eis que além de Ana Capri ser mais rústica que Capri, o Sr Antônio era um sapateiro comum, desses que aqui no Brasil tem tantos. Porém estava ali diante de mim, um artista tão habilidoso e simpático!

Seu filho todo orgulhoso mostrava os modelos pendurados na parede, e as fotos do Sr Antônio com as celebridades, que quando visitam Capri confiam a ele os seus pés!

Escolhi um modelo de salto baixo com pedras transparentes numa pulseira fina dourada . Em 8 minutos o sr Antônio montou minha  sandália  e eu vi, que essa minha "adorada"  Itália  é sempre  deliciosa  e tão  criativamente  imprevisível!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Capri: Via Camerelle o "verdadeiro luxo"

 Via Camerelle!



Piazzeta em Capri




Loja da Via Camerelle!




Perfume produzido em Capri !




Restaurante na Via Camerelle!

Adoro rodar de carro pela  Europa. Dispenso o quanto posso, ônibus, aviões, trens e metrôs, nada substitui um bom e confortável auto. Esse é um possibilitador, para passar muitas vezes por lugares onde os outros jamais chegariam!

Mas tenho também  que admitir uma outra coisa, tenho verdadeiro fascínio por lugares onde os carros definitivamente não entram, cidades medievais como Veneza, Eze e Capri!

Sentada num café da Piazzeta, compreendi o porque desse meu encantamento. 

Quando num lugar o barulho dos carros desaparecem, é possível sentir os sons dos passos das pessoas, das conversas, dos talheres dos restaurantes, de alguma música que está por ali, de algum latido de cachorro e até o canto dos passarinhos. E isso vamos convir... não é o máximo?

  A  estreita e clara via principal de Capri, tem em  seu contexto sempre os tons pastel. Assim se torna suave, deliciosa e convidativa! 

Alí estão reunidas displicentemente todas as grifes em pequenas lojas! As vitrines são delicadamente  arrumadas, com o bom gosto e apuro dos italianos.

  Identifico como ser isso, para mim o que passa a verdadeira idéia do que é chic!

A Via Camerelle em Capri, nos mostra claramente que os americanos influenciaram muito, quase o mundo todo, a respeito do luxo, menos a Europa, que tem luz e personalidade  própria.

Lá o luxo não precisa de mausoléus, está disposto  onde deve estar, nos pequenos e despretensiosos lugares!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Capri: il batello vá ...

Il Faraglioni- Mar de Capri - Itália




Gruta Meravigliosa- Mar de Capri - Itália




Gruta azul - Mar de Capri - Itália




Il Faraglione- Mar de Capri - Itália





Gruta Meravigliosa -Mar de Capri- Itália


Amanheceu um dia cintilante, desses que a gente encomenda e que o mês de maio garante. Tinha uma recomendação de  fazer um passeio, com  lancha particular que valeria muito.

Com o concierge do hotel acertamos o passeio. Tomamos o funicular e descemos até a marina. O barqueiro nos esperava com aquela simpatia típica dos italianos do sul.

Quando a lancha começou a circundar a ilha, começei a cantarolar dentro de mim as canções de Pepino de Capri, que eu ouvia na minha adolescência e senti o porquê de tanta inspiração!

O azul inebriante do mediterrâneo, a brisa morna da primavera, as escarpas brancas imensas e o barqueiro nos mostrando orgulhoso: essa é  a gruta Corallo, mais um pouco, essa é a Meravigliosa! 

 Uma delas, enquanto lá fora o mar era azul dentro via se, um verde esmeralda incrível!

Para o final ele nos reservou, a tão famosa  gruta Azul. Daí a gente sai da lancha, entra  num micro " batello", abaixa a cabeça, o corpo todo, e quando abrem se os olhos, está lá dentro, meio que vivendo um sonho! 

 Fizemos um pedido para que ele permanecesse um pouco mais que o costume, para que nossa retina, acostumasse com o azul inesquecível do momento!

Na volta deitei me no almofadão da lancha descansando de tantas belezas e refleti...

Na verdade, o paraíso está mesmo é dentro da gente, mas acho que pode ainda estar em algum outro lugar desse mundo... em Capri!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Capri: um jantar sob limoeiros

Restaurante da Paolino ! Capri.






À noite fomos jantar, quando cheguei ao restaurante emocionei me ao ver  uma cena imprevisível, coisas do velho continente.

As mesas estavam ao ar livre, sob muitos e frondosos limoeiros, estavam singelamente arrumadas, porque o espetáculo ali,  era mesmo os imensos limões amarelos, como se  fossem lanternas de decoração!

Nunca estive em um restaurante com proposta tão original. Pedi claro, o que o ambiente me inspirou: fetuccini ao limone e gamberi, que estava ótimo! Ah... a muzzarela de búfala de entrada, dos deuses!

Ao final da noite concluí: o da Paolino é mais que um restaurante, é um estado de espírito!

Capri: paraíso perfumado


Bouganville nos muros de Capri!



Bouganville nos muros de Capri




Flores em Capri

Estive em Capri em duas circunstâncias: a primeira foi num daqueles passeios de dia inteiro saídos de Roma, que pincela Capri durante o dia todo e que te devolve à noite, exausta no hotel!

Assim se conhece uma ilha italiana linda e ensolarada. Nota se a alegria do Mediterrâneo e passa se um dia diferente! Mas dentro de mim pensei... esse lugar é para muito, muito mais...

No roteiro de 2009, reservei 3 noites para Capri, assim poderia sentir realmente a ilha. Só que o que me esperava por lá, eu nem poderia imaginar!

Deixamos nosso carro em Sorrento no hotel Excelcior Victoria, onde ficaríamos na volta para fazer a Costa Amalfitana.Tomamos um scaff ali mesmo no pier do hotel e com as malas seguimos para Capri.

Lá nos esperava o maleteiro do hotel todo de branco, lembrando assim uma cena de cinema! Chegamos ao nosso hotel Capri Tibério Palace, que fica numa rua inclinada a poucos passos da Piazzetta, a pequena praça central que é um charme só!

Olhei da varanda do quarto e vi um fim de tarde azulada! Casas brancas na encosta faziam refletir a magia do lugar, e um perfume inexplicável no ar!



Vista do nosso quarto, no hotel em Capri

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Como virei uma roteirista de viagem

Região de Côtes du Rhône -França



 Região da Emilia Romagna -Itália




Região da Toscana- Montalcino -Itália

Apaixonada por viagens, sempre tentava escolher roteiros que me agradassem, que me parecessem menos corridos, que privilegiasse interiores dos países, pequenas e graciosas vilas ou cidades, muitas paisagens etc...

Nem sempre isso era possível, mesmo assim acabei fazendo várias viagens em grupo, algumas delas até "quase" perfeitas.

Penso que em algum momento, quando já se andou bastante, a gente começa a ficar com vontade de se libertar!

E ficar livre, seria abrir um maravilhoso mapa Michelin encadernado e os Guias Visuais dos países da Folha de São Paulo. 

Reúno numa pasta, todas as informações que me aparecem em revistas, programas na tv, crônicas ou em conversas com outros apaixonados.

Nada eu desprezo, porque pra mim (como diz Washigton Olivetto) informação é tudo!

Desde 2006 desenho roteiros, e desde 2008 eu mesmo opero nossas viagens. Somos um grupo de seis.

Fazemos um leasing de carro zero com gps, que sai pelo preço de aluguel, reservo os hotéis pelo booking.com, ou pelo próprio site do hotel. As passagens fazemos pela Internet ou telefone.

As auto estradas são proibidas para nós, só se for pra chegar mais rápido, no que ainda lá, será mais compensador!

Porque pra sentir uma região, só se for por estradas vicinais ou interestaduais,  para entrar nas entranhas de um lugar? Só assim!

Escolho um ponto estratégico e ficamos três noites ou mais, fazendo um peão pelos arredores!

E lá vamos nós ...

Porque assim livres, se descobre sempre e sempre muito mais!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Meu longo caso com Paris


Avenida des Champs Elysées  


                          
                                       
Torre Eiffel




Adorno da Ponte Alexandre III




Ponte Alexandre III




Saint Chapelle!

A primeira vez que coloquei meus pés e olhos em Paris foi em 1990. Essa cidade me causou um fascínio e impacto tão grandes e  aliado sempre, aos poucos dias que tinha por lá, desenvolvi a pior coisa que um viajante pode carregar consigo quando viaja, a ansiedade!

E assim por diante, todas as vezes que voltei e que foram muitas, eu levava comigo já ideias do que faria, para melhor aproveitar o tempo e conhecer tudo: museus, palácios, jardins, igrejas, restaurantes e cafés... Ufa !

Era como se quisesse deglutir a encantadora Paris!

Quando entrava no avião de volta, sim porque Paris sempre era o "gran finale" dos roteiros, me dava um certo vazio!

Um aperto no peito como se estivesse estado com uma amiga encantadora, sem ter lhe dado o mínimo de atenção!

Um dia me bateu um colapso e eu pensei: o que eu estou fazendo comigo? E o que eu estou fazendo com Paris?

Em 2008, virei tudo! Chegou  nessa cidade uma Adele completamente diferente.

Calma e serena, que sai sem programação e pressa pela manhã, caminhando nós dois, por qualquer rua, dobrando qualquer esquina, atravessando nossa ponte preferida Alexandre III, curtindo Saint Germain, Jardins de Luxemburgo, Marais, rue de Montorgueil, Ile Saint Louis...

Quando cansamos, sentamos num café qualquer, olhamos vitrines, respirando, sentindo, curtindo tudo!


Qualquer programa é muito bom em Paris. Até porque, só estar lá  já é o bastante. É que também só assim, que se descobrem as pérolas!

Paris... devo a você, compreender o mal da ansiedade, e o quanto ela nos bloqueia a alma!

Hoje sinto que não sou mais eu, que quero me debruçar por Paris, e sim Paris é que quer mergulhar em mim!